terça-feira, 3 de maio de 2011

José Sócrates anuncia acordo com a Troika

Vamos lá por partes:

1. Teixeira dos Santos (TS) junto ao PM - Aparentemente muito mal disposto, não disse uma palavra, não esboçou um sorriso, nem sequer quando José Sócrates o elogiou (sem olhar para ele). Está clarificada a sua posição. O facto de aparecer pode ter várias leituras, ainda por cima por não ter aparecido Pedro Silva Pereira (PSP). Foi uma tentativa de mostrar que afinal PSP, ao contrário do que se vinha dizendo, não subalternizou TS? Ao ficar PSP de fora, deu-se a entender quem era o chefe? Talvez. Se era para mostrar que TS é amigo pessoal e do PS, como disse José Sócrates há dias, a foto ficou um pouco estragada, se bem que, para quem quer mesmo acreditar, o simples facto de aparecerem juntos é sinal de amizade e união e tudo o mais que se queira.
Francamente, fico abismado com o que se passou a este nível e não compreendo TS. Já todos vimos Sócrates a dar elogios rasgados, com grandes sorrisos, a múltiplas personagens. A diferença em relação ao que se passou hoje é total. Talvez seja da pressão dos telepontos, mas nem sequer um sorriso para ou de TS. Melhor, nem sequer se olharam. Ou então vi mal. Eu, que até estou muito zangado com TS por tudo o que fez ultimamente (resta-me o direito à indignação), tive "pena" dele, hoje. Sei que ele não precisa disso, mas tive.



2. José Sócrates, com pequenas excepções a algumas medidas que disse já estarem no PEC IV, anunciou o que o acordo não é e não tem, em resposta a jornais e jornalistas e especulações... Pensei que o PM ia anunciar o que era o acordo, que ia falar como PM de Portugal, mas enganei-me. Apenas resolveu fazer propaganda, como candidato às eleições de 05 de Junho. Adiante.

3. Medidas que não estão no acordo, segundo as palavras do PM, que podem ser verificadas no link acima, para mais tarde confirmar:
3.1 Não mexe no subsídio de férias e de Natal dos funcionários públicos.
3.2 Não são precisas mais medidas de austeridade para este ano.  “São suficientes as medidas previstas no orçamento e as anunciadas no âmbito do PEC IV.”
3.3 Não mexe, igualmente, com o subsídio de férias e o de Natal dos reformados.
3.4 Não implica “mais cortes nos salários da função pública”.
3.5 Não implica a redução do salário mínimo.
3.6 Não haverá cortes nas pensões abaixo de 1500 euros.
3.7 Não haverá privatização da Caixa Geral de Depósitos.
3.8 Não haverá privatização da segurança social.
3.9 Não haverá uma revisão constitucional.
3.10 Não haverá despedimentos na Função Pública.
3.11 Não haverá despedimentos sem justa causa.
3.12 Não se mexe na orientação gratuita do Serviço Nacional de Saúde.
3.13 Não se mexe na escola pública.
3.14 Não se mexe na idade da reforma.

4. O Governo conseguiu um bom acordo, disse o PM.

5. O que está, então, no acordo? Vamos receber 78 mil milhões de euros e pagá-los com juros. De onde vem todo esse dinheiro? Obviamente... das medidas que estão no acordo. Mas disso José Sócrates não quis falar, o que é sintomático. Não teria dividendos a retirar daí? Se tivesse, não teria anunciado? Estou muito curioso em ver TODAS as medidas do acordo, pois "cheira-me" que, ao contrário do que José Sócrates pretendeu afirmar, o que consta por lá é o emagrecimento do estado, as privatizações de N empresas, etc, no fundo o que a oposição do arco da governação vinha reclamando. Veremos!

6. Mas há uma coisa que me espanta acima de tudo - Afinal a culpa não é dos funcionários públicos, não estão muitos deles a mais, não ganham mais do que deviam, etc, etc, etc, como a propaganda nos tem vindo a encharcar?!... Se não vai haver despedimentos, se não vai haver mais cortes nos vencimentos, se não mexem nos subsídios, então é porque está tudo bem?!... Ou não?!... De quem é afinal a culpa? Ou não é de ninguém? E nem há crise? Nem cá está o FMI?... Não vamos ter que pagar nada, pois já alguém pagou por nós?... Foi só um pesadelo?!... Acordámos e, afinal, está tudo bem?!...

7. Espero que os próximos dias sejam clarificadores, pois estou mais confuso que nunca e o PM não me informou de quanto, como e a quem vou ter que pagar. Mas eu sei que vou ter que pagar! O pesadelo é bem real! Não faço é a mínima ideia onde vão buscar, afinal, o dinheiro. Mas que o vão buscar, vão. Se calhar é só depois de 05 de Junho. E depois surge aquela dúvida terrível e já habitual - Será possível que tudo ou quase tudo o que ele disse que NÂO, se possa vir a transformar em SIM? Será que estava só a falar do que não ia acontecer hoje, mas é inevitável amanhã? "Quando a esmola é grande, o Pobre desconfia!"

Sem comentários:

Enviar um comentário